Sophie Calle ( Publicada há 7 meses)

Lá fui eu ver Sophie Calle.

Na verdade eu não fui exatamente para isso. Estava com vontade de visitar o MAM do Rio de Janeiro. Quando estive em São Paulo, em julho passado, a exposição “Cuide de você” entrou em cartaz mas eu não me interessei. Tinha assistido pela tv um debate entre Sophie e Grégoire Bouillier, por ocasião da 7ª da Flip, Feira Literária Internacional de Paraty, e não me animei. Achei inclusive que ele era mais interessante que ela.

Não sei se por que meu interesse era baixíssimo, achei a montagem da exposição no Rio sofrível.

Ocorre que a exposição existe porque no dia que Grégoire lançou seu livro, “O convidado surpresa”, que conta como conheceu Sophie (1), dá por encerrada a relação amorosa entre eles, escrevendo um e-mail. Esta sem saber como reagir ao rompimento “eletrônico” distribuiu o e-mail entre várias mulheres e recolheu 107 depoimentos que os transformou em exposição.

Dos 107 depoimentos, parte está exposta em 3 módulos no MAM: fotos de 33 cantoras e atrizes em um mural, abrem a exposição, e vídeos das mesmas num espaço próximo, finalizam (mural atrizes e cantoras). Como módulo intermediário, fotos de 60 outras mulheres com a ampliação dos seus depoimentos (pergaminho) (2). Aos textos temos acesso às traduções por um livro em xerox que precisa ser devolvido ao final da visita. Muitos deles são enormes ( a maioria) e não há nenhuma forma de o visitante se sentir confortável parado em pé lendo até 8 páginas por depoimento. Os vídeos estão no salão aberto e ali tem 2 banquinhos mas fica impossível ouvir ou ver com atenção. Bom, se o sentido da exposição é entender o que aquelas mulheres todas falaram sobre o desafeto entre Sophie e Grégoire, esqueceram do conforto ao visitante. Fofoca de alcova à parte fico me perguntando por que homens também não foram consultados, só um papagaio. Machismo meu? Mas dê uma passada no MAM. Posso estar exagerando.

Sophie é artista plástica e escritora. Nasceu em Paris em 1956. Nome representativo na arte contemporânea mundial freqüentemente usa a intimidade e a realidade como mecanismos para difundir sua obra, mecanismos estes que podem ser até considerados como voiyerismo por alguns e invasivo por outros. Chegou a se transformar em uma camareira de hotel para fotografar as malas dos hospedes (3) e com isso demonstrar que a arte não tem limite entre a real e a ficção. Muitos dos seus trabalhos são fotográficos ou instalações. “Cuide de você” foi montada pela primeira vez na 52ª Bienal Internacional de Arte de Veneza, em 2007. Passou por São Paulo, Salvador e encerra a temporada brasileira aqui no Rio de Janeiro. Sophie explica no vídeo abaixo como sugiu a exposição.

Grégoire é escritor, nascido na Argélia em 1960. Vive na França. Quero ler os livros dele.

(1) http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2009/06/28/tudo-verdade-em-meus-livros-diz-gregoire-bouillier-199523.asp

(2) http://www.mamrio.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=211&Itemid=36


(3) http://www.studium.iar.unicamp.br/22/05.html?ppal=index.html

Abaixo vídeos da mesa 12 da Flip 2009, mediada por Angel Gurría-Quintana, onde os dois deram entrevistas, retirados de http://flaviormoura.wordpress.com/tag/gregoire-bouillier/

Explicação de Sophie




Um pouquinho de Grégoire Bouillier

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