Apedrejamento até a morte


Essa coisa de apedrejamento até a morte me causa calafrios, repulsa, medo e tristeza. Isto existe mesmo. Ainda.

Em novembro passado quando estava fazendo " Odeio Você", que também falava da cultura paquistanesa e que foi ao ar com o nome sem graça de "Programa Piloto", tive a oportunidade "negra" de ver um vídeo sobre o apedrejamento de uma mulher.

São condenados à morte desta maneira, pelas leis Islâmicas vigentes em alguns dos países muçulmanos, mulheres adulteras e homossexuais. O que assisti era de uma mulher. Ela fora levada à um estádio lotado de homens, tinha os olhos vendados e vestia uma burca branca. Estava em uma caminhonete aberta, escoltada por vários homens fortemente armados. Foi enterrada até a altura dos quadris e apedrejada até a morte.

Era tudo muito tosco e num estádio, no deserto. A preparação da execução parecia um mercado com um  bando de homens agitados, famintos pelo futuro cadáver, que devolveria suas dignidades ofendidas. A burca branca ( ou pano) é para ficar visível o sangramento a cada pancada. As pedras, por lei, não devem ser grandes o suficiente para que em uma ou duas pedradas a pessoa morra, nem pequenas demais para que passem desapercebidas. Estas são vendidas ao público, na entrada do estádio. A denúncia é feita pela família. O marido e os pais podem ser os denunciantes ( normalmente o são) e os que entregam a vítima às autoridades. Se a pessoa conseguir sair do buraco ao qual está enterrada apesar de amarrada e vendada, moralmente destruída, será devolvida ao local da execução, caso o adultério ( no caso das mulheres) tenha sido comprovado. Se não foi, poderá se safar.

É possível que tenhamos o primeiro apedrejamento on-line da história, já que Lula colocou na mídia brasileira a condenação de Sakineh Mohammadi Ashtiani, por adultério, mesmo estando viúva. Ela tem 46 anos. Já levou 99 chibatadas, e foi condenada à morte por ter feito sexo com 2 homens depois de viúva. Também há denúncia de que ela participara do assassinato do marido.

Não me cabe avaliar as leis de cada país, muito menos sua autoridade, mas seria realmente “uma prova de poder, de deixar claro o quanto o regime é forte para matar quem quiser”, como bem lembrou Mina Ahadi, coordenadora da Comissão Internacional contra o Apedrejamento, o apedrejamento de uma mulher que gosta de sexo? Segundo matéria publicada no jornal “O Globo” de 04 de agosto de 2010, a intervenção de Lula no caso pode estar contribuindo para  a mudança de sentença, de apedrejamento para enforcamento.

Preciso estudar mais para entender as leis islâmicas, mas relembrando uma discussão calorosa que tive com uma amiga sobre porque retirar o clitóris de algumas meninas africanas em respeito à religião, onde fui incisiva defendendo a cultura de cada povo, sem querer defender o que é certo ou errado, visto que tudo depende do ponto de vista de cada cultura, e acatando a ideia de que nós ocidentais somos muito preconceituosos, venho aqui, Regina, questionar que leis “culturais/religiosas” serão estas que chegam ao cúmulo da barbárie em nome da cultura e religião. Apenas isso.



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