Um pouco da Flip 2012

Foto: Mara Cecília  on Flickr. Click

Convidada pela minha amiga Teresa, passei 4 dias na “Festa Literária Internacional de Paraty”, neste belo mês de inverno ensolarado de 2012. A festa é um evento da Associação Casa Azul e se realizou entre 04 e 08 de julho, em Paraty, no Rio de Janeiro. Desde a primeira edição, em 2003, eu imaginava como seria encontrar um mundo que respira, fala, dorme e acorda literatura, reunido em uma cidade tão singular. É uma festa mesmo, como propõe o evento. Neste ano a  Flip  comemorou sua décima edição homenageando o autor de uma das obras mais importantes para o cenário literário brasileiro: Carlos Drummond de Andrade. Tudo exalava Drummond.
A Associação Casa Azul levantou a participação de Drummond na efetivação do ato administrativo que tombou o “Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Cidade de Paraty”, em 1958, como patrimônio nacional.  Portanto homenagem mais que justa.

Considerado pretensioso por críticos de sua época, quando para muitos “o que escrevia não merecia nem mesmo ser chamado de poesia”, Drummond, mineiro de Itabira (1902/1987), foi poeta, contista e cronista brasileiro, sempre fiel à tradição literária. Na década de 20 fundou “A Revista”, veículo de vida curta, mas importante na afirmação e divulgação do Movimento Modernista, seguindo a cartilha de libertação preconizada por Oswald, Mário de Andrade e seus companheiros. Passou pelas duas Grandes Guerras escrevendo poesia. Foi funcionário público, diplomado em Farmácia. As críticas aos modernistas, na época, apesar de Drummond não ser considerado um deles, estendeu-se à sua obra. Os críticos não aceitavam as novas formas de criação artística, porque para estes elas não tinham “o valor das obras antigas”.Hoje, para muitos, Drummond é considerado o maior poeta brasileiro.

Na década de 60, Liz Calder, então modelo e jornalista inglesa e mais tarde idealizadora do evento, morou 4 anos em nossas terras e se apaixonou pelo Brasil. Editou anos depois autores consagrados como Salman Rushdie (autor de um dos romances que trago como referência, “Shalimar, O Equilibrista”, de 2005, e “Versos satânicos”, de 1989, que o condenou à morte pelo aiatolá Khomeini);  J. K. Rowling, com a série Harry Potter, pela Bloomsbury, ou ainda Julian Barnes, além de brasileiros como Chico Buarque, Rubem Fonseca, Patrícia Melo e Milton Hatoun. Apoiada por amigos decidiu trazer para o Brasil, à Paraty, um evento literário que aliado à um projeto de preservação e planejamento urbano da cidade, já  iniciado pela Associação Casa Azul em 1994, transformasse a vida cultural daquela região inspirada no prestigiado "Hay Festival", que acontece na cidade inglesa de Hay-on-Wye.

Tive a oportunidade inesperada de participar de 8 mesas na Tenda do Telão e de “correr atrás” de algumas atividades da OffFlip. O show de abertura foi do Lenine. Maravilhoso. Na praça da igreja de Santa Rita assistimos à apresentação da fantástica “Grande Companhia Brasileira de Mystérios e Novidades”, com o espetáculo “Saga de São Jorge”, além de esbarrar com o poeta Mano Melo e seus companheiros poetas, recitando no meio da rua.  Mas sobre isso tudo escreverei em outras postagens.
Rio, 10 de julho de 2012
Mara Cecília

Referências ( todos os links acessados em 10/07/2012)




 “Grande Companhia Brasileira de Mystérios e Novidades”













Fotos: Mara Cecília

Atualizada em 18/01/2013 ( troca da foto de capa)

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