O HOMEM E A CIBERCULTURA - Parte 2 - Navegando pela História

Capítulo I


A fundamentação histórica


O Homem vem desenvolvendo métodos de sobrevivência social e coletiva ao longo de sua trajetória e os avanços destes métodos foram conquistados a cada necessidade sentida de aperfeiçoar a interconexão de relacionamento entre os diversos grupos espalhados pelo planeta. A civilização pós-moderna veio procurar novos caminhos para diminuir a distância entre grupos sociais e culturais. A partir de estudos de engenharia, física e tecnologia o homem chegou ao evento da criação das formas mecânicas e eletrônicas para armazenar informação.
Se lembrarmos que a humanidade passou por grandes transformações desde a revolução do Neolítico (entre 8000 e 5.000 A.C) [1] quando se organiza, comunica e age submetida a uma sociedade onde a oralidade é o meio pelo qual pode passar informação, perceberemos que desde então a memória sempre foi fundamental para a humanidade.
Determinado pelo ambiente sócio-cultural, cada grupo criava seus símbolos, suas regras, leis.  A tecnologia usada era a palavra, o método, a repetição.[2]
O armazenamento era feito pela memória humana. Neste momento o homem já vivia em sociedade tribal, mas nômade. Seus costumes eram memorizados e transmitidos de geração em geração de forma que os mais velhos tinham a responsabilidade de passar as informações que lhes pareciam pertinentes aos mais jovens, sempre repetindo palavras, rituais, contando histórias, levando seu grupo a vivenciar oral e fisicamente os ensinamentos. A memória já estava virtualizada. Memorizar era fundamental.
Com o surgimento da escrita (3.500 A.C.), o homem passa a documentar seus conhecimentos e a palavra continua fazendo o mesmo papel de transferir dados, informação,  porém agora escrita, transmitida por símbolos escritos em palavras que dão sentido ao real, de forma que a memória mítica passa a ter menos possibilidade de se perder. Não é necessário que o interlocutor esteja no mesmo espaço e tempo em que a mensagem é produzida. É através da escrita que tomamos conhecimento do mundo da filosofia, dos dogmas. É quando são formulados os primeiros contratos e o início do armazenamento da memória social. A documentação passa a existir em grande escala.
Gutenberg, no século XV, [3] nos apresenta a imprensa, ainda na forma de tipos de chumbo, e esta é considerada uma revolução para a comunicação e transferência de dados. Agora o homem pode reproduzir em larga escala sua documentação para que vários grupos sociais passem a tomar conhecimento dos pensamentos, teorias, leis e toda uma gama de informações de forma impressa facilitando a reprodução cultural de diversos grupos. Começa a era da reprodução gráfica
Mais a diante o homem cria meios de locomoção mais modernos como a locomotiva a vapor, resultado da criação da máquina a vapor, principal símbolo da Revolução Industrial encabeçada pela Inglaterra, na metade do século XVIII.[4]
A era industrial começa e o avanço das tecnologias modernas desponta de forma preponderante. Os meios de produção modificam a forma do homem viver em sociedade. A sociedade burguesa domina e subjuga a maioria da população, como detentora dos meios de produção. A manufatura é substituída pela produção industrial que passa a ser ganho para a burguesia que detinha o capital e explorava  a força de  trabalho humano. O desenvolvimento tecnológico é usado pela burguesia para subjugar o trabalhador. Mas o homem não se intimida. O Marxismo surge no séc. XIX e vai tratar das questões do capital e da mais-valia.
No final do séc. XIX, Sigmund Freud, ao aprofundar seus estudos sobre o inconsciente dá partida ao surgimento de uma nova ciência: a Psicanálise. Deste modo estamos mais uma vez propondo que a memória é fundamental e Freud comprova com sua teoria que está tudo armazenado no inconsciente. Agora vamos mais longe: memória armazenada dentro do próprio homem. Fatos, situações, cheiros, sensações armazenados por décadas pelo inconsciente, podem gerar uma infinidade de resultados no comportamento humano e é utilizando este armazenamento inconsciente que o homem avança e pesquisa, desenvolve novos mecanismos para modificar no presente seu relacionamento com o mundo.
Voltando ao mundo material, em 1860, Étienne Lenoir monta o primeiro motor de combustão interno, o motor que impulsiona o carro.[5]
No final do séc. XIX, precisamente em 1896, a feira Russa de Nizhi-Novorod exibiu a mais recente novidade vinda da França: fotografias em movimento, produzidas e exibidas pelos irmãos Lumière.[6] É a tecnologia mais uma vez a serviço da informação. Agora a memória além de registrada visualmente pelas artes plásticas ou pela fotografia, pode passar a ter movimento visual no seu armazenamento.
Já iniciando o séc. XX, Santos Dumont, com seu 14 Bis, no dia 12 de novembro de 1906 faz o primeiro vôo humano oficialmente homologado[7], depois de inventar o relógio de pulso.
O carro movido à combustão e o avião passam a ser veículos modernos, capazes de atravessar grandes regiões, levando com mais rapidez o homem e a informação a povos mais distantes e em um curto espaço de tempo. A memória continua preservada e os instrumentos de armazenamento, como a escrita impressa, que fica cada vez mais sofisticada e de possível acesso  a maior número de grupos sociais, possibilita um intercâmbio maior entre culturas. Seguidamente vamos aperfeiçoando as formas de nos comunicar, armazenar, entender e memorizar . As artes plásticas, a fotografia, o rádio, a imprensa e o cinema vão transmitindo  dados de interesse aos diversos grupos sociais. As tecnologias se aperfeiçoam de acordo com asnecessidades humanas.


[1]              Lemos, André – “Cibercultura – Tecnologia e Vida social na cultura contemporânea” – 2004 pag 40
[2]              http://www.netkids.com.br/ ( Netkids- Educação com Tecnologia ) – coluna de   Lucio Fonseca
Consultor Educacional, especialista em Tecnologia Aplicada à Educação e palestrante em Congressos e Seminários realizados no Brasil e no exterior
[3]              História da Imprensa – http://pt.wikipedia.org
[4]              Pazzinato, Alceu L. & Senise, Maria Helena V. – “História Moderna e Contemporânea” – 2004 – p184;185
[5]              www.automobilistica.hpg.com.br/
[6]              Xavier, Ismail – “ O cinema no século” – 1996 – p 21
[7]                     7 http://www.santos-dumont.net

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