O HOMEM E A CIBERCULTURA - Parte 1 - Introdução

                 


                      Mara Cecília Maciel Cavalcante

O HOMEM E A CIBERCULTURA

                       Rio de Janeiro  2009


               Introdução


Minha descoberta da utilização das máquinas começara em 1978, em Manaus, quando fiz um curso para programação RPG II, na IBM. Lá eu tive noções precisas de programação, na época ainda em tabelas escritas à mão que eram repassadas para cartões perfurados, que continham todos os dados programados e que eram arquivados em caixas avulsas. Os dados eram passados para as máquinas, de porte tão grande que um computador ocupava toda uma sala do pequeno prédio. O programa que tomei conhecimento em algumas aulas, era direcionado para empresas que organizavam planilhas: o RPG II. Funcionava muito bem para dados sobre pessoal. Era possível organizar com muita facilidade o pagamento de salários de uma fábrica de jóias, por exemplo, as despesas com impostos, as férias, tudo que estivesse relacionado ao Departamento Pessoal daquela empresa. Existam outras linguagens  de programação como a FORTRAN, BASIC e  COBOL que incorporavam mais detalhes para a organização empresarial. Nesta época ainda não existia a Internet e o computador pessoal ainda não era acessível a maioria da população, principalmente no Brasil.
Lembro quando comprei meu primeiro computador, em 1999. Era uma ferramenta mais importante que o fogão. O meu PC era todo montado com peças usadas. Eu precisava de uma “máquina de escrever” que me conectasse e que coubesse no meu orçamento. Lembro perfeitamente do ruído emitido pelo fax modem quando procurava se conectar a uma rede telefônica. Para quem vive nos grandes centros isso até parece pré-histórico mas em muitas localidades onde a “rede” ainda não chega por fibra ótica ou satélite, são as redes telefônicas que levam o ciberespaço ao homem. Aquele barulhinho indicava que eu estava entrando em um espaço incomum, diferente, virtual. Percebi que além de uma “máquina de escrever” era uma máquina de me comunicar. As planilhas estavam muito longe no tempo e eu nem imaginava que forma de programar era utilizada  para me fazer estar ali na minha sala e no Louvre ao mesmo tempo. Passei a me comunicar com o mundo.
Minha formação acadêmica me impulsionou para entender minimamente que mecanismos de comunicação poderiam ainda ser desenvolvidos pelo homem e me deparei com este formato que tenta universalizar a informação, a comunicação, os dados e o relacionamento humano. A Cibercultura está longe de ser uma ciência do futuro. Ela é uma realidade incontestável. Os mecanismos sociais e de conexão entre os humanos estão se aperfeiçoando de tal maneira que podemos nos comunicar com Tóquio, Manaus ou Bangladesh ao mesmo tempo mesmo falando apenas nossa língua natal.
Desde que decidi estudar e formular a respeito de Cibercultura para a monografia de final de curso, estou pesquisando e tentado entender o que seja este universo absolutamente fascinante e novo. Para falar de Cibercultura é preciso  identificar aquilo que recebeu esta denominação porque o homem precisa se apoiar no que ele chama cultura. Para Aristides Alonso “a Cibercultura vai detonar a cultura... O homem precisa socialmente sentir-se parte de uma cultura... Ao ver-se de fora, cria um nome para nomear, comungar, aprovar uma prótese: a cultura”.     
 A Cibercultura nasce a partir da criação e desenvolvimento do ciberespaço que vem modificar o relacionamento com o saber, a economia e a política. Trata-se de uma nova filosofia, uma “socialidade” que transforma as características da comunicação com o mundo real. Pode ser tão forte quanto os adventos da passagem da sociedade oral para a sociedade escrita. A sociedade, hoje além do que chamamos de pós-moderna, vem enfrentando diversos desafios na área do saber e sofrendo mudanças formais na prática entre humanos com o avanço rápido das tecnologias. Os estudos que levaram a criação de máquinas ou processos que hoje fazem o homem repensar teorias sobre a vida e a morte, por exemplo, nos levam a perceber que está se formando em todos os âmbitos um novo estilo de comportamento.
Da Internet aos novos equipamentos que aumentam a velocidade da transmissão de dados, desde a telefonia móvel à imagem digital, com alta definição e a possibilidade de a engenharia genética chegar a conclusões cada vez mais rápidas de como aumentar a sobrevida humana, todo este aparato tem causado níveis de discussões bem diferentes daqueles dos séculos passados. Se considerarmos os avanços já atingidos por alguns países nos estudos e práticas de desenvolvimento das novas tecnologias, sejam elas de comunicação ou científicas, podemos concluir que se trata de uma reciclagem constante e desejo enorme de mudança que passa, como em toda sua trajetória, a humanidade.
Este trabalho tem o desejo de estudar o impacto que as tecnologias aliadas à realidade premente de uma modificação radical na forma do homem se comunicar e desenvolver relações sociais, políticas e econômicas pode causar ao pensamento e ao relacionamento humano.

Comentários

  1. oi Mara,
    Então você foi uma das pioneiras na área da computação - 1978... De lá pra cá, muito coisa mudou, não é?
    Você já terminou a monografia? O André Lemos tem um livro muito interessante sobre a Cibercultura. Se ainda houver tempo, recomendo a leitura.
    bj

    Bia

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  2. Olá Bia, obrigada pela visita. Claro que aceito a indicação. Vc passou por aqui exatamente quando parei para pensar em como seria mais produtivo publicar a monografia. Gostaria de publicá-la da forma que recebeu nota, mas com a preocupação de não ficar massante até porque é claro que eu gostaria de mexer nela. Era por isso que eu queria fazer um wiki. Pensei que através dela poderiamos cronstruir alguma discussão. No bog anterior, que se chamava Cicercultura, eu fui publicando em partes pequenas, intercaladas pelas observações que faço do que vejo. Não sei se é a melhor forma, porque o leitor visitante lê apenas uma parte, provavelmente. Estou pensando.
    Pierre Lévy,André Lmos, Paula Sibilia e principalmente a Internet foram o grosso da minha pesquisa. Pulei os Tradicionais.Minha formação científica é quase autodidata. Voltei pra comunicação 20 anos depois de ter sido jubilada pela ECO. Fiz como deu, porque meu horário de trabalho é imprevisível, então não fiz um trabalho como eu gostaria.
    Nossa, se deixar eu não parro mais... Bom, mais uma vez muito obrigada pela visita e volte sempre. Um beijo.
    Mara Cecília

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